terça-feira, 5 de junho de 2012

Já passamos do limite?



     O crescimento da população humana durante os últimos dez mil anos, desde o advento da agricultura, tem sido um dos desenvolvimentos ecológicos mais significativos da história da Terra. Ele se compara com os macivos deslocamentos causados pela glaciação durante o último milhão de anos e com as extinções globais causadas pelo impacto de um cometa há 65 milhões de anos. Um dos mais marcantes aspectos do crescimento da população humana é que sua taxa continuou a crescer mesmo quando a população se tornou amontoada. Estimativas do tamanho da população humana em tempos antigos são compreensivelmente imprecisas, mas é provável que a população de nossos ancestrais fosse de um milhão de indivíduos há cerca de um milhão de anos. O crescimento da população foi muito lento até o desenvolvimento da agricultura quando então deveria ser de 3 a 5 milhões. A abundância de alimentos produzidos pela agricultura removeu um fator limitante, que então aumentou cem vezes até o início do século XVIII, mesmo com eventuais quedas, como as causadas pela peste bubônica. Um aumento de cem vezes em aproximadamente 10000 anos é equivalente a uma taxa de crescimento exponencial de cerca de 2% por século. A Revolução Industrial, que começou por volta de 1700, proporcionou outro ímpeto para o crescimento da população humana, particularmente com melhorias na saúde pública e na medicina, e aumento no bem-estar material. Durante os 300 anos de industrialização, os humanos cresceramde talvez 300 milhões para 6 bilhões, aproximadamente um aumento de 20 vezes, ou uma taxa de crescimento exponencial média de quase 100% por século (1% ao ano). A mais recente duplicação da população humana, de 3 para 6 bilhões, levou apenas 40 anos (1,7% ao ano).
     A Terra está se tornando um lugar muito cheio. Muitos acreditam que a população humana já excedeu há muito tempo a capacidade da Terra em sustentá-la, e que nós estamos deplecionando os recursos terrestres rapidamente. Como isto será compensado no futuro é incerto. O que é certo é que o crescimento continuado da população estressará ainda mais a biosfera e levará a uma degradação adicional de muitos ambientes.
     Quando, e em que nível, o crescimento da população humana cessará? Predizer o futuro é difícil porque há muitos fatores desconhecidos, incluindo mudança na tecnologia, surto de doenças epidêmicas de humanos ou de suas plantações e criações, e mudanças no bem-estar material, educação e cultura. no presente, a taxa de crescimento da população humana está diminuindo, e estimativas atuais das Nações Unidas indicam um platô populacional em cerca de 9 bilhões.
     A grande concentração de pessoas nas zonas urbanas é outro fator preocupante. No Brasil, a situação exigirá esforços maiores da administração pública para lidar com saúde, educação, transporte, limpeza urbana, emprego e segurança.
     Há muito ainda que aprender para lidar com uma população em que a proporção de idosos aumentada a cada ano. Também não há êxito em políticas desconcentradoras de renda, agravando a insegurança geral da população.
     É preciso criar uma nova maneira de viver, compatível com a disponibilidade de recursos e visando a qualidade de vida de todos os habitantes. Essa mudança não é fácil, mas se faz urgente.
     Essa preocupação não é de hoje. O cientista austríaco Konrad Lorenz. Prêmio Nobel de Medicina de 1973, falecido em fevereiro de 1989, dizia: “ Não importa apenas saber quantos homens a terra pode alimentar, mas a partir de qual densidade os homens começarão a se odiar uns aos outros.”

Fonte:RICKLEFS, Robert E. A economia da natureza. 5. ed. RJ: Guanabara Kogan, 2003.

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     Esclarecer a população (que já ultrapassou os 7 bilhões) sobre suas responsabilidades sociais é uma atitude urgente, dessa maneira abriremos caminho para um convívio harmonioso com os ambientes naturais.
     É através do conhecimento que a população vai preservar e respeitar todos os ecossistemas.

 

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